O descontentamento provocado pelas condições económicas agravadas e pela guerra, gera instabilidade social e crises como a italiana. A aposta de Putin é que disso resulte a erosão da unidade ocidental.

A queda de Mario Draghi é claramente a última vitória da guerra de Putin contra as democracias ocidentais que são, na realidade, o seu maior inimigo. A guerra na Ucrânia é apenas um teatro secundário daquilo que se joga à escala mundial que é um grande confronto entre regimes democráticos e autocráticos.

Nas últimas semanas assistimos ao alinhamento do Irão, que muito afastado está dos valores democráticos e sobretudo do modo de vida ocidental, com Vladimir Putin. Se atentarmos à posição da Índia, da China e de vários países africanos, vemos que Putin está a ganhar a guerra diplomática, mesmo não tendo tido ultimamente grandes progressos territoriais na guerra.

Por mais que nos custe aceitar é fácil compreender que a esmagadora maioria da população mundial está do lado de Putin.

Publicado originalmente no Observador em 24.07.2022

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