As ações de mitigação e adaptação às alterações climáticas têm um custo, e estando a floresta sobretudo nas mãos de privados, ou ela tem um valor económico (para muitos não tem), ou continuará a arder.
Este ano estive na Serra da Estrela em Maio. Amante da montanha fiz a pé alguns trilhos e verifiquei a quase ausência de marcas que me guiassem. Uma distância abissal dos Dolomitas em que tudo está bem assinalado e há excelentes mapas.
Um sinal pouco animador quer da função reguladora do nosso Estado (ICNF) quer do nosso associativismo. Em Agosto não cancelei as férias na serra, já marcadas antes, em plena época dos fogos. Vi, no terreno, entristecido, as chamas a consumirem o parque natural, que ardeu na sua quarta parte. Foram-se, num ápice, cerca de 25.000 hectares de floresta.
Vi, como todos os portugueses pela TV, muitas labaredas (afinal as imagens incentivam ou não os pirómanos?), as casas incendiadas, os animais mortos, a aflição das pessoas com os seus haveres, os bombeiros, a GNR, os autarcas. Ao contrário dos incêndios de Pedrógão, em que houve dezenas de vítimas mortais, neste isso não aconteceu.
Publicado originalmente no Observador em 04.09.2022
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